v. 38 n. 82 (2023):

EDITORIAL
A Revista da Escola Superior de Guerra apresenta mais um número e nele a possibilidade de os cientistas fazerem circular e tornarem visíveis os resultados de seus estudos acadêmicos, gerando expansão de conhecimentos e adesão de novos articulistas. Aberto a novos estudiosos, esta Revista, dentro do seu eixo temático, deseja alargar seu horizonte de leitores, articulistas e expandir seu alcance geográfico no Brasil e no exterior.
Artigo científico é uma forma de atualizar temas de pesquisas relevantes. Nenhuma pesquisa apresenta ponto final. Há sempre um olhar que sobre ela se debruça e elabora uma outra leitura seguida de alguns acréscimos. O capital intelectual de cada articulista ressalta aspectos que não foram observados outrora. A investigação e o artigo que dela emana estão em continuidade permanente. Os periódicos, impressos e, principalmente, em mídias digitais, atendem a um mundo cuja palavra-chave é velocidade. A Ciência é acompanhada em tempo real; criticada e reelaborada em tempo real. As versões e os calorosos diálogos são revelados pelas redes sociais. Nesse contexto, os periódicos têm seu valor especial porque neles há a oportunidade de pessoas de diferentes pensamentos exporem seus estudos calcados em debates travados no ambiente acadêmico.
A Covid-19 continua em pauta, nesta e em outras revistas de cunho científico. A população mundial sofre os efeitos psicológicos, econômicos e sociais deixados como rastro da pandemia. O medo do retorno do coronavírus ou o surgimento de qualquer novo vírus atemoriza o ser do século XXI e suscita informações confiáveis sobre o tema, principalmente chanceladas pela ciência.
A propósito, esta edição inicia com três artigos que, por caminhos e objetivos diferentes, retornam à Covid-19. No primeiro, Inteligência Epidemiológica na Operação Covid-19: nova ferramenta de apoio à decisão na logística militar do Brasil, de José Roberto Pinho de Andrade Lima, Ernesto Rademaker Martins, Beatriz Helena Felício Telles Ferreira, Mariza Ferro, Eric Araújo e Cristiano Barros de Melo, são apresentadas diversas investigações, a partir do período pandêmico, acerca de uma nova e experimental estrutura logística que responda às emergências sanitárias nacionais e globais.
Guilherme Sandoval Goés, em Poder de Estado e governança global na era pós-Covid, avalia o panorama geopolítico após a pandemia do novo coronavírus, em um cenário nebuloso no que tange às cooperações internacionais de aliados das grandes potências.
Carlos Wellington Leite de Almeida comenta o gasto orçamentário do setor Defesa nas duas primeiras décadas de implementação do Ministério da Defesa (MD) até o segundo ano da pandemia da Covid-19, utilizando diferentes análises e revisões para opinar as despesas e gastos, no artigo Gastos de Defesa no Brasil 1999-2021.
No artigo Submarino com propulsão nuclear da Marinha do Brasil: mudanças, demandas e competências, Tiago Seixas Themudo e Ezequiel Francisco Carvalho Viana discutem as adaptações, consequências e requerimentos do novo veículo marítimo nacional.
No quinto artigo, A guerra cognitiva nas redes sociais e suas implicações para a segurança dos Estados, Giselli Christina Leal Nichols e Claudio Rodrigues Corrêa discorrem acerca de como as ameaças digitais na guerra cognitiva impactam, em diversas frentes, os Estados Nacionais.
Em O papel estratégico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária na Política Externa Brasileira na África (2003-2010), Erica Simone Almeida Resende e João Marcelo Filgueiras Jacome de Araújo expõem seus argumentos sobre a atuação da EMBRAPA no continente africano durante o governo de Luís Inácio Lula da Silva.
Eduardo Rizzatti Salomão, em As guerras insurrecionais e o paradigma de “Os Sertões”, reflete sobre a obra euclidiana e conhecidos textos historiográficos sobre o Contestado a fim de elucidar a relevância das discussões sobre a narrativa histórico-memorialista do Exército Brasileiro.
Por fim, o artigo O ensino de Relações Internacionais para os cadetes da Academia da Força Aérea e sua aplicabilidade em missões no exterior, escrito por João Pedro Rohwedder Thaler, Humberto José Lourenção e Tamires Maria Batista Andrade, relata a pertinência do aprimoramento dessa formação para melhores comunicações e tomadas de decisões entre órgãos governamentais.
O nosso tempo é líquido, digital, da inteligência artificial. Neste contexto, esta Revista percebe e assume a obrigação de discutir temas afetos à Defesa, à Ciência Política e às Relações Internacionais com o intuito de abarcar um público heterogêneo e pronto para receber os múltiplos saberes científicos que formam a episteme dos tempos hodiernos.
Boa leitura!
Maria Célia Barbosa Reis da Silva