v. 37 n. 81 (2022):

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                                                                                     EDITORIAL

A Revista da Escola Superior de Guerra, número 81, volume 37 encerra o ano do bicentenário da Independência (2022). Ano em que diversos acontecimentos – guerras, oscilações do mercado, eleições, descobertas científicas – se esbarraram pelas páginas de jornais e revistas. E o mundo acadêmico a nada ficou alheio. Autores tentaram captar cada instante por meio da lupa científica que afasta o subjetivo e o parcial. Os artigos, portanto, respaldam-se na realidade, são de publicação rápida, desejam garantir a divulgação e a veiculação do conhecimento científico em nosso país e no exterior. Cada um deles marca a presença do Brasil na produção científica por meio da apresentação das ideias de nossos estudiosos sobre determinado assunto. Esses textos também colocam em debate, negam, aceitam ou oferecem sugestões acerca de situações que inquietam a sociedade.

Em momento de pulverização de fatos, de versões veiculadas pela internet, o rito de leitura seguida de reflexão faz-se necessário, urgente. O artigo tira o lugar de conforto de mero leitor, chama-o para observar as entrelinhas e dialogar sobre os assuntos transversais que perpassam o texto. Tantas vezes, as referências contidas nos artigos conduzem a novas leituras, a outras visões e a outros escritos.

No primeiro artigo, Ivan Muniz de Mesquita, em Direito Aeroespacial - Evolução ou Integração?, discorre sobre o desenvolvimento do histórico debate acerca das legislações nacionais das atividades aeronáuticas, desde os primeiros tratados da área até os avanços do Programa Espacial Brasileiro.

Os autores Guilherme Lopes da Cunha, Paulo E.A.S. Câmara, Ana Flávia Barros-Platiau e Fábio Albergaria de Queiroz, em O Pensamento Antártico Brasileiro e as Instituições da Defesa, discutem o posicionamento nacional sobre os assuntos antárticos – debate oficialmente iniciado na Escola Superior de Guerra, a fim de, entre outros assuntos, apresentar a evolução institucional para pesquisas polares brasileiras, cujas áreas apresentam a natureza mais intacta e inóspita do planeta (por enquanto).

Em Questões Brasileiras e o enfrentamento de uma nova era, Laís Raysa Lopes Ferreira e José Augusto Abreu de Moura abordam a relevância da Amazônia Azul® para a projeção de um mundo sustentável, apresentando demandas e alternativas para futuros desafios de preservação ambiental.

Carlos Alberto Leite, Alexandra Sarmento Mitre e Maria Célia Barbosa Reis da Silva, no artigo A cultura sob a perspectiva de Hall e seus pontos de contato com a Cultura Estratégica de origem Snyderiana: uma breve comparação, comparam as ideias de Stuart Hall e Jack L. Snyder a fim de estabelecer um diálogo de interesse tático para o Estado.

No quinto artigo, Vulnerabilidades do Policiamento Aquático Brasileiro: análise descritiva de 1983 até 2000, Mannom Tavares da Costa e Guilherme Sandoval Góes, através do recorte temporal em questão, expõem, entre outros assuntos, os problemas de organização do setor marítimo fluvial e costeiro, executado por diferentes agentes estatais.

Os três artigos subsequentes fazem parte do último grupo temático acerca do bicentenário da Independência do Brasil e põem em debate a política externa, definida por Arthur Schlesinger Jr. (1992, p. 27) como “a face que uma nação exibe ao mundo” (SCHLESINGER, 1992, p. 57). Nos artigos que compõem este fórum, reunimos pesquisadores de diferentes regiões, instituições e gerações, que dedicam sua vida a pensar os grandes desafios do Brasil em sua ação internacional. Ou mais especificamente, “a soma de relações externas oficiais conduzidas por um ator independente (geralmente um Estado) nas relações internacionais” (HILL, 2003, p. 3); neste caso, o Brasil.

A relação diplomática do Brasil com o continente sul-americano é o cerne do artigo de Miriam Gomes Saraiva. Em Bicentenário da Independência: o Brasil e a América do Sul, a autora apresenta reflexões a partir do diálogo entre a interação do país com as nações vizinhas e a construção da nacionalidade nesses 200 anos de separação do domínio português.

Reconhecendo a política externa como um setor historicamente forte da história nacional, em O “Cinco As” do Multilateralismo na Política Externa Brasileira (1985-2022), Guilherme Casarões relaciona sua pesquisa com a obra de Monica Hirst ao apresentar cinco fases das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.

No oitavo artigo, Os Presidentes e a Política Externa Brasileira, os autores Sean Burges e Fabrício H. Chagas-Bastos argumentam, através de uma análise das gestões anteriores, sobre o impacto de engajamento de um Presidente da República na política externa nacional.

Desejamos que todos – pesquisadores, estudantes, interessados nos estudos relacionados à Defesa, Relações Internacionais, Ciência Política e temas transversais – tenham uma leitura prazerosa e que redunde em novos debates, novos textos.

 

Maria Célia Barbosa Reis da Silva

Publicado: 17-07-2024

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