v. 35 n. 75 (2020)

A revista do último quadrimestre de 2020, número 75, volume 35, é entregue ao leitor ao mesmo tempo em que este ano de tantas incertezas e surpresas finda-se. Ainda que, muito gratificantes as parcerias travadas durante este ano, nos impactamos profundamente com a realidade mundial e nacional ainda em curso, causada por essa pandemia sem precedentes. Torcemos para que, em breve, possamos voltar a nossa verdadeira normalidade, àquela do abraço apertado e do encontro de amigos. A Revista da Escola Superior de Guerra deseja a manutenção da parceria estabelecida no decorrer deste ano entre autores, leitores e equipe de editoração.
No primeiro artigo que compõe a edição de número 75 da Revista da ESG, o autor propõe um questionamento a respeito da eficácia do Conselho de Segurança das Nações Unidas, cuja principal responsabilidade é a manutenção da paz e da segurança nacional. Para responder a essa pergunta, Eduardo Pinheiro Granzotto Da Silva discorre sobre a criação do conselho e tentativas de reforma do órgão, até sua atuação nos dias atuais. O texto oferece uma visão crítica em relação à atividade do conselho e uma possível alternativa para, segundo o autor, melhorar a sua eficácia.
Passando adiante no campo da defesa nacional, Pablo Nunes Pereira e William Gaia Farias retornam ao início do século XX, mais especificamente à Primeira Grande Guerra, para analisar a atuação da Marinha na Amazônia durante o período. O artigo A marinha do Brasil e a Primeira Guerra Mundial: reverberações do conflito internacional da Amazônia (1914-1917) percorre cronologicamente os momentos de neutralidade, até a entrada do país no conflito.
Já numa abordagem que parte da Economia e das Relações Internacionais, os autores do artigo Economia do mar: desafios e possibilidades para o Brasil na Amazônia azul apresentam um panorama do espaço marítimo brasileiro, seus recursos e os desafios para sua exploração sustentável. Ressalta-se a riqueza de recursos naturais vivos e não vivos, como petróleo e gás natural, na faixa costeira brasileira, com aproximadamente 3,4 milhões de quilômetros quadrados e que, como é tratado no texto, está diante da possibilidade de ampliação de mais de dois milhões de quilômetros quadrados, sendo, portanto, um recorte territorial valioso para o país, tanto numa perspectiva econômica, quanto geopolítica.
No quarto texto, Michael Scheffer, Leonardo de Mello e Silvio Pereira realizam um estudo de caso a respeito da atuação do corpo de bombeiros em conjunto com a marinha do Brasil, em operações de busca e salvamento de vida humana em perigo no mar. A partir da abordagem de leis e decretos, os autores traçam uma linha de raciocínio e buscam explicitar como o trabalho em conjunto das duas instituições pode ser benéfico para ambas.
Retornando ao tema do desenvolvimento sustentável de forma mais ampla, Maurício Gröhs e Débora Duarte Sacchetto abordam esse princípio que, em tempos normais já se entende como essencial, e portanto agora, no ano corrente de 2020, momento delicado em que a pandemia da Covid-19 se faz presente no mundo, torna-se ainda mais imprescindível. O foco do quinto artigo é tratar o princípio da sustentabilidade em contratações do Exército Brasileiro por parte de gestores militares. Para isso, os autores perpassam a definição de desenvolvimento sustentável, a dimensão do tema no contexto da ONU, assim como sua disposição na legislação brasileira.
Passando ao sexto texto desta edição, Defesa cibernética no brasil: primícias de uma história de sucesso, os autores exploram o percurso do setor cibernético no campo da defesa nacional brasileira, especificamente do ano de 2008, a partir da Estratégia Nacional de Defesa (END), até 2012. São apresentados os principais marcos de sua implementação nos planos de defesa do país, tendo sua importância ressaltada como um todo.
No penúltimo artigo, são suscitados os estudos de logística no Exército Brasileiro (EB). Alzeir Costa, Rodrigo Tavares e Vinícius Damasceno nos trazem um resgate do que foi a Missão Militar Francesa e nos explicam como essa “foi um marco no processo de evolução do EB”, na medida em que serviu para instruir e reorganizar a instituição no período pós-Primeira Guerra. Entre as mudanças proporcionadas pela missão está a aquisição de novos equipamentos e armamentos, assim como o desenvolvimento de fábricas e arsenais.
Encerrando a edição do último quadrimestre de 2020, Filipe Pitrosse e Gilberto Vianna apresentam em seu artigo – As estratégias portuguesas de guerra colonial: a africanização das forças armadas portuguesas (FAP) em Moçambique (1964-1974) – como Portugal, diante do conflito contra guerrilheiros pró-independência, adotou como estratégia a incorporação de africanos para aumentar seu efetivo, e como tal ação prolongou a duração da guerra até 1974, ano que marca a independência de Moçambique.
Os oito textos que compõem este fascículo nos fazem pensar o Brasil e o mundo ao seu entorno. Esperamos que a leitura deste exemplar lhes seja benéfica e instigue novos autores a fazer parte, como escritor ou ledor, da Revista da Escola Superior de Guerra.
Reiteramos que nossa revista é de divulgação gratuita, todos podem acessá-la: quer por meio digital, quer por solicitação a edição impressa. Boa leitura e aguardamos sua cooperação para o próximo exemplar correspondente ao número 76, do volume 36 de 2021: seja com artigos, seja com sugestões.
A Equipe Editorial