v. 33 n. 69 (2018)

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Editorial

    A revista do último quadrimestre de 2018, número 69, volume 33, é entregue ao leitor ao mesmo tempo em que o ano finda. Inéditos artigos já estão em processo para compor o próximo exemplar correspondente ao número 70, do volume 34, de 2019. Foram muito gratificantes as conversas que travamos durante este ano. A Revista da Escola Superior de Guerra deseja a manutenção desta parceria e a participação intensa entre autores, leitores e equipe de editoração.

    Os dois artigos de abertura versam sobre assuntos que, dependendo do contexto, aparecem com frequência nos noticiários internacionais. O primeiro com o título A geopolítica do Cáucaso: uma análise do conflito Nagorno-karabakh, subscrito por Helvécio de Jesus Júnior e João Ricardo Guilherme Zimmer Xavier, transporta-nos para a região do Cáucaso, que se reparte entre a Europa Oriental e a Ásia Ocidental, localizada nas águas do Mar Negro e do Mar Cáspio. Sendo uma área de fronteira entre Europa e Ásia, apresenta uma importância estratégica e política, além de possuir jazidas de metais e de petróleo, o que torna o local conflituoso, cujos embates entre azeris e armênios na área de Nagorno-Karabakh ainda estão em curso.
    O estudo subsequente, As relações entre Hizbullah e Hamas, rubricado por Felipe Haddock Lobo Goulart, traça as características e o histórico entre as duas forças não estatais islamitas do Oriente Médio: o Hamas é palestino e sunita; e o Hizbullah é libanês e xiita. O Hamas origina-se da Irmandade Muçulmana no Egito; o Hizbullah sofre influência da Revolução Islâmica iraniana. O autor chama atenção para a dinâmica do sistema entre esses grupos, como também ressalta a participação de estados como Irã e Síria.
A terceira discussão, intitulada Submarinos e submarinistas, de autoria de José Augusto Abreu de Moura e Ana Fernanda Moreira Baptista, mostra que os submarinos se constituem em uma das armas mais valiosas do mundo contemporâneo: a “força de submarinos é uma demonstração da existência de um Poder Naval forte e estruturado”. Contudo sua missão para alcançar pleno êxito depende do correto funcionamento dos sistemas e da habilidade e prontidão daqueles que o tripulam. Os articulistas ainda procuram analisar as condições e a organização de trabalho no ambiente confinado de um submarino, visando ao cálculo do impacto delas sobre o comportamento dos sujeitos.
No quarto texto, nomeado Hipótese de um Novo Plano de Investimento no Ministério da Defesa, Bruno Martini e Maria Célia Barbosa Reis da Silva modulam teórica e contabilmente um cenário onde o Ministério da Defesa dispusesse, a partir de 2018, de um orçamento crescente, até chegar aos 2% do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) em 2020, propondo melhorias que poderiam ser adotadas em prol do poder nacional.
No quinto artigo – Forças Armadas na segurança pública: insegurança jurídica persistente, Haryan Gonçalves Dias e Tulio Endres da Silva Gomes destacam a missão atribuída às Forças Armadas nos últimos anos e observam os aparatos jurídicos – a Constituição Federal (CF), em seu artigo 144. Para eles, a Lei Complementar nº 97/1999 e o Decreto Presidencial nº 3.197/2001, que a regulam, não são suficientes para amparar e para conceder a “necessária segurança jurídica às ações das Forças Armadas no âmbito das competências policiais da segurança pública”. Urge, segundo os autores, que advenha a segurança jurídica às tropas federais em atividade na segurança pública, caso contrário, quem protege pode ser vítima de sua própria lei interna.
O artigo ulterior, A logística baseada em performance e a logística militar do Exército Brasileiro, de Rodrigo Lima França, Alexandre Checheliski e Rodrigo Paim, tem como mote a pesquisa contextualizada das Forças Terrestres da atualidade. Os autores discorrem sobre “os aspectos positivos e negativos que devem ser observados para adoção da Logística Baseada em Performance, servindo,assim, como mais uma ferramenta de análise desse modelo, contribuindo com os debates levados a efeito dentro do Exército Brasileiro para a interiorização dessa prática logística na Instituição militar”.
    O penúltimo tema A Nova Estratégia Nacional de Defesa e o alinhamento do Programa Estratégico Guarani do Exército Brasileiro, escrito por Luciano Luiz Goulart Silva Dias, Alzeir Costa dos Santos e Carlos Eduardo de Franciscis Ramos, concede explicações sobre a importância do Projeto Guarani ao inserir uma Nova Família de Blindados sobre Rodas (NFBR), criada para transformar a Infantaria Motorizada em Mecanizada e atualizar as Unidades de Cavalaria, que empregam as Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP) EE-11 Urutu desde 1974. O Programa Guarani contribui para a incrementação de novas capacitações que colaboram para “consecução dos Objetivos Nacionais de Defesa (OND), contribuindo para a Defesa Nacional, o desenvolvimento da Base Industrial de Defesa (BID) e a soberania do Brasil”.
O derradeiro texto A importância da Reforma Goldwater-Nichols para a evolução da interoperabilidade nas Forças Armadas dos Estados Unidos da América, de Gustavo Garriga Calero Pires, Hercules Guimarães Honorato e Rejane Pinto Costa, elucida como uma Reforma, engendrada fora do ambiente castrense, acarretou mudanças substanciais no Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América do Norte, que se mantinha um tanto estático desde 1947 por ocasião da Lei de Segurança Nacional. Os autores desejam contribuir com esse estudo para a Defesa Nacional, posto que foram reveladas as características significativas do processo de interoperabilidade dos Estados Unidos, nação que exibe Forças Armadas poderosas.
    Aí estão os oito artigos. É nosso intento apresentá-los e torná-los alvos de interesse do leitor, seja ele um conhecedor dos assuntos ou apenas um iniciante nesses temas. Cabe, portanto, à equipe de editoração desvendar os liames entre os diferentes assuntos aqui expostos, abordar as características de conexão, de
desdobramento, de inovação e de nexo com o nosso Programa de Pós-Graduação e com a nossa linha editorial.
    Reiteramos que nossa revista é de divulgação gratuita, todos podem acessá-la: quer por meio digital, quer, por solicitação, a edição impressa. Boa leitura e aguardamos sua cooperação: seja com artigos, seja com sugestões.
                                                                                                                                       

                                                                                                                                          Maria Célia Barbosa Reisa 

Publicado: 19-10-2021

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