OS DESAFIOS LOGISTICO-OPERACIONAIS DO BRASIL NA ANTÁRTICA E PARA O FUTURO
DOI:
https://doi.org/10.47240/revistadaesg.v39i85.1368Palavras-chave:
Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), logística, Tratado Antártico, COVID, Política Nacional para Assuntos Antárticos (POLANTAR)Resumo
A relevância da Antártica para o Brasil pode ser discutida a partir da seguinte pergunta: o que está em jogo? Decorre daí outra pergunta: quais os desafios logísticos para que o Brasil assegure a continuidade da sua presença na Antártica a partir da pesquisa polar? A Antártica é o último continente sem soberania e grande reservatório de recursos minerais e biológicos do mundo, incluindo 70% de toda a água doce do planeta. Além disso, exerce fortes influências no clima mundial, afetando diretamente o Brasil, que é o sétimo país mais próximo do continente gelado. Logo, o que está em jogo é a geopolítica polar e o futuro da ordem internacional. Por estas duas razões, a importância da presença brasileira na Antártica torna-se inquestionável. O País tornou-se membro signatário do Tratado Antártico em 1975 e adquiriu o prestigioso status de membro consultivo, com direito a voto, em 1983 com a criação do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). Para o Brasil manter seu status de membro consultivo, é imperativa a execução ali de substancial atividade de pesquisas. Entretanto, fatores históricos e econômicos levaram o Brasil a ter um elevado grau de dependência de outros países, em especial do Chile. Ademais, a recente pandemia de COVID-19 em muito limitou o acesso do Brasil à Antártica e consequentemente fragilizou as atividades de pesquisa ali desenvolvidas. Neste sentido, discutimos outras possíveis situações anômalas que podem ocorrer no futuro e afetar a capacidade logística nacional. Finalmente, propomos opções para minimizar nossa dependência de outros países no PROANTAR.
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