OS DESAFIOS LOGISTICO-OPERACIONAIS DO BRASIL NA ANTÁRTICA E PARA O FUTURO

Autores

  • Paulo E.A.S. Câmara Escola Superio de Defesa
  • Leonardo Faria de Mattos EGN
  • Luiz Octávio de Carvalho Penna Marinha do Brasil
  • Daniel Alejandro Klecha Fuerza Aérea Argentina
  • Alexandre Generoso Marinha do Brasil

DOI:

https://doi.org/10.47240/revistadaesg.v39i85.1368

Palavras-chave:

Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), logística, Tratado Antártico, COVID, Política Nacional para Assuntos Antárticos (POLANTAR)

Resumo

A relevância da Antártica para o Brasil pode ser discutida a partir da seguinte pergunta: o que está em jogo? Decorre daí outra pergunta: quais os desafios logísticos para que o Brasil assegure a continuidade da sua presença na Antártica a partir da pesquisa polar? A Antártica é o último continente sem soberania e grande reservatório de recursos minerais e biológicos do mundo, incluindo 70% de toda a água doce do planeta. Além disso, exerce fortes influências no clima mundial, afetando diretamente o Brasil, que é o sétimo país mais próximo do continente gelado. Logo, o que está em jogo é a geopolítica polar e o futuro da ordem internacional. Por estas duas razões, a importância da presença brasileira na Antártica torna-se inquestionável. O País tornou-se membro signatário do Tratado Antártico em 1975 e adquiriu o prestigioso status de membro consultivo, com direito a voto, em 1983 com a criação do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). Para o Brasil manter seu status de membro consultivo, é imperativa a execução ali de substancial atividade de pesquisas. Entretanto, fatores históricos e econômicos levaram o Brasil a ter um elevado grau de dependência de outros países, em especial do Chile. Ademais, a recente pandemia de COVID-19 em muito limitou o acesso do Brasil à Antártica e consequentemente fragilizou as atividades de pesquisa ali desenvolvidas. Neste sentido, discutimos outras possíveis situações anômalas que podem ocorrer no futuro e afetar a capacidade logística nacional. Finalmente, propomos opções para minimizar nossa dependência de outros países no PROANTAR.

Biografia do Autor

Paulo E.A.S. Câmara, Escola Superio de Defesa

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília (1999), mestrado em Botânica pela Universidade de Brasília (2002), mestrado em Ciencias pela University of Missouri-Saint Louis (2005) e doutorado em "Plant Systematics and Evolution" pela University of Missouri-Saint Louis e Missouri Botanical Garden (2008). É ainda egresso da turma de 2017 da Escola Superior de Guerra. Atualmente é Professor Associado no departamento de Botânica da Universidade de Brasília. É orientador credenciado no mestrado e doutorado em botânica das Universidades de Brasilia e Federal de Santa Catarina. Coordena atualmente projeto de pesquisa no âmbito do Programa Antártico Brasileiro? PROANTAR. Tem experiência na áreas de briologia, sistemática molecular, DNA barcode, com ênfase em Sistemática e taxonomia de briófitas. Atua principalmente nos seguintes temas: Taxonomia, filogenia molecular, sistemática molecular, microscopia eletrônica de varredura e levantamentos florísticos. Destaque especial para estudos da vegetação Antártica. É membro do grupo de especialistas em Briofitas da IUCN e do comite internacional de nomenclatura de Briofitas da IAPT. É ainda professor colaborador da Escola Superior de Defesa em Brasília.

Leonardo Faria de Mattos, EGN

Bacharel em Ciências Navais pela Escola Naval em 1987; Mestre em Ciências Navais pela Escola de Guerra Naval em 2004; e Mestre em Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança na Universidade Federal Fluminense, onde em fevereiro de 2015 defendeu sua dissertação "A ADESÃO DO BRASIL AO TRATADO DA ANTÁRTICA: uma análise de política externa no governo Geisel". Assumiu como Encarregado do Setor de Geopolítica da Escola de Guerra Naval a partir de outubro de 2011, onde leciona para os cursos de pós-graduação para Oficiais Intermediários, para o de Estado-Maior para Oficiais Superiores e para o de Política e Estratégia Marítimas. É o coordenador do Núcleo de Avaliação da Conjuntura da Escola de Guerra Naval e o Editor-Responsável do Boletim Eletrônico "Geocorrente". Leciona ?Geopolítica Corrente Internacional? para os cursos de Altos Estudos e de Inteligência Estratégica da Escola Superior de Guerra e na pós-graduação do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras. É o Coordenador Acadêmico do Curso de Estratégia Marítima da Fundação de Estudos do Mar, membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo e consultor do Programa Antártico Brasileiro. Seus atuais temas de interesse de pesquisa são Geopolítica Polar, com ênfase na importância da Antártica para o Brasil; a Geopolítica do Entorno Estratégico Brasileiro; e o Estudo de Crises e Conflitos contemporâneos. ID Lattes: 1361975677680150

Luiz Octávio de Carvalho Penna, Marinha do Brasil

Ex Chefe da Estação Antártica Comandante Ferraz (2015). Egresso da Escola Superior de Defesa.

Daniel Alejandro Klecha, Fuerza Aérea Argentina

SUBDIRECTOR GENERAL DE EDUCACION CONJUNTA · Ministerio de Defensa de la República Argentina, Comodoro da Fuerza Aérea Argentina, piloto antártico e egresso da Escola Superior de Defesa.

Alexandre Generoso, Marinha do Brasil

Especialista em Gestão de Pessoas pela Escola de Administração (ESAD), bacharel em Direito pela Faculdade Processus-DF, bacharel em Administração de Empresas pelo Centro Universitário da Cidade Do Rio de Janeiro, Pós-graduado em Planejamento Estratégico nas Organizações Públicas pelo Instituto Federal de Rondônia (IFRO) e Pós-Graduando em Gestão Pública Municipal pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Foi o primeiro colocado no Concurso do Quadro Técnico de Oficiais da Marinha do Brasil no ano de 2006, na especialidade em Administração de Empresas, Imediato da Estação Antártica Comandante Ferraz (2024). Egresso da Escola de Guerra Naval.

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12-08-2024

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Artigos