RESULTADOS DAS POLÍTICAS DE DEFESA NA BASE INDUSTRIAL DE DEFESA NO BRASIL: uma interpretação a partir do ciclo de políticas públicas (2005-2022)
DOI:
https://doi.org/10.47240/revistadaesg.v38i83.1287Palavras-chave:
Políticas Públicas, Defesa Nacional, Indústria de Defesa, Forças ArmadasResumo
Embora na maioria dos Estados democráticos seja comum apontar a dificuldade em compreender o que as Forças Armadas realmente fazem e como utilizam os recursos orçamentários que lhes são destinados, há uma escassez de estudos que aplicam a Análise de Políticas Públicas - área acadêmica especializada na avaliação e aprimoramento das ações governamentais - para a matéria. Sem descartar a importância da perspectiva mais abstrata e formal das teorias dos bens públicos e dos modelos de análise de políticas públicas, o presente estudo destaca elementos concretos que marcam uma política específica, situada entre as de defesa e as voltadas para o desenvolvimento industrial e tecnológico. Empregando metodologia qualitativa, exploratória e técnicas de pesquisa bibliográfica e documental, foram aplicados alguns conceitos e teorias com base na versão, em seis etapas, do modelo Ciclo de Políticas Públicas, na política brasileira, para a chamada “Base Industrial de Defesa”. Mostra-se que as lideranças da área foram hábeis no relacionamento com a esfera política e conseguiram colocar o tema na agenda decisória de alto nível. Além disso, apesar da instabilidade política da última década, a baixa coordenação formal entre as diferentes Forças, a modesta burocracia civil do Ministério da Defesa, a ausência de um sistema de monitoramento adequado das ações realizadas e a frustração orçamentária em grande parte do período, os dados disponíveis sugerem que foram alcançados resultados relevantes.
Referências
ALIC, J. et al. Beyond Spinoff: military and commercial technologies in a changing world. Harvard: Harvard University Press, 1991.
AMARANTE, J. C. A. do. A base industrial de defesa brasileira. IPEA. 2012.
ARCHULETA, B. J. Rediscovering defense policy: a public policy call to arms. Policy Studies Journal, v. 44, s.1, p. S50-S69, 2016.
ARTS, B.; TATENHOVE, J. V. Policy and power: a conceptual framework between the ‘old’ and ‘new’ policy idioms. Policy Sciences, Houghton, n. 37, p. 339-356, 2004.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: STF, 2022. Disponível em: https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoConstituicao/ anexo/CF.pdf. Acesso em: 31 ago. 2022.
BRASIL. Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999. Dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas. Brasília, DF: Presidência da República, 1999.
BRASIL. Lei n° 12.598, de 21 de março de 2012. Estabelece normas especiais para as compras, as contratações e o desenvolvimento de produtos e de sistemas de defesa; dispõe sobre regras de incentivo à área estratégica de defesa; altera a Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12598.htm. Acesso em: 26 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Defesa. Estratégia nacional de defesa. Brasília, DF: Ministério da Defesa, 2008.
BRASIL. Ministério da Defesa. Livro branco de defesa nacional. Brasília, DF: Ministério da Defesa, 2012a. Disponível em: https://www.gov.br/defesa/pt-br/ arquivos/2012/mes07/lbdn.pdf. Acesso em: 26 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Defesa. Plano de articulação e equipamentos da defesa. Brasília, DF: Ministério da Defesa, 2012b.
BRASIL. Ministério da Defesa. Secretaria de Produtos de Defesa. Plano de ações estratégicas da SEPROD 2019-2022. Brasília, DF: Ministério da Defesa, 2019.
BRASIL. Ministério da Defesa. Base Industrial de Defesa (BID). Brasília, DF: Ministério da Defesa, 2022a. Disponível em: https://www.gov. br/defesa/pt-br/assuntos/industria-de-defesa/base-industrial-de-defesa#:~:text=Denomina%2Dse%20Base%20Industrial%20de,contribuir%20 para%20a%20consecu%C3%A7%C3%A3o%20. Acesso em: 8 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Defesa. Secretaria de Produtos de Defesa. Política Nacional da Base Industrial de Defesa – PNBID. Brasília, DF: Ministério da Defesa, 2022b.
BRASIL. Ministério da Defesa. Portaria GM-MD n° 3127, de 28 de julho de 2021. Dispõe sobre o Comitê de Governança do Ministério da Defesa (CG-MD). Brasília, DF: Ministério da Defesa, 2021b.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.540, de 2 de agosto de 2011. Institui o Plano Brasil Maior – PBM e cria o seu Sistema de Gestão. Brasília, DF: Presidência da República, 2011. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7540.htm. Acesso em 03 outubro 2022.
BRASIL. Política de Defesa Nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Disponível em: http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/publicacoes-oficiais/catalogo/fhc/politica-de-defesa-nacional-1996.pdf. Acesso em: 09 maio 2022.
BRASIL. Política de Defesa Nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 2005. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/ decreto/d5484.htm. Acesso em: 09 maio 2022.
CAIRNEY, P. Understanding public policy theories and issues. London: Bloomsburry Academic, 2020.
CASTRO, C. O Espírito militar: um antropólogo na caserna. São Paulo: Jorge Zahar, 1989.
COHEN, M. D.; MARCH, J. G.; OLSEN, J. P. A garbage can model of organizational choice. Administrative Science Quarterly, Ithaca, v. 17, n. 1, p. 1-25, mar. 1972.
CONCA, K. Manufacturing insecurity: the rise and fall of Brazil’s military-industrial complex. Boulder: Lynne Rienner Publishers, 1997.
DUNNE, P. The defense industrial base. In: HARTLEY, K.; SANDLER, T. (org.). Handbook of defense economics. 1. ed. [S.l.]: Elsevier, 1995. p. 399-430.
DYE, T. Understanding public policy. New York: Pearson, 2017.
FONTAINE, G. E análisis de políticas públicas: conceptos, teorías y métodos. Flacso, 2015.
GIESTEIRA, L. F.; BORNE, T.; COUTO, L. Regras orçamentárias e programas estratégicos: decifrando a lógica do orçamento do ministério da defesa. In: COUTO, L. Governança orçamentária no Brasil. Brasília, DF, IPEA, 2020. p. 29-65.
GIESTEIRA, L. F.; FERREIRA, T. B.; MATOS, P. de O. A defesa nacional e os programas estratégicos de defesa no PPA 2016-2019: textos para discussão - CEPAL/IPEA, n. 2672, Brasília, DF, IPEA, 2021.
GIESTEIRA, L. F.; MATOS, P. de O. Compras públicas em defesa. In: RAUEN, A. T. (org.). Compras públicas para inovação no Brasil: novas possibilidades legais. Brasília, DF, IPEA, 2022. p. 307-378.
HARTLEY, K.; HUSSAIN, F.; SMITH, R. The UK defence industrial base. The Political Quarterly. [S.l.], v. 58, n. 1, jan. 1987.
HIRSCHLEIFER, J. Theorizing about conflict. In: HARTLEY, K.; SANDLER, T. (org.). Handbook of defense economics. 1. ed. [S.l.]: Elsevier, 1995. p. 165-189.
HOWLETT, M.; CASHORE, B. Public policy: definitions and approaches In: CAPANO, G.;
HOWLETT, M. A modern guide to public policy. Cheltenham: Edward Elgar, 2020. p. 10-21.
HOWLETT, M.; RAMESH, M. Studying public policy: policy cycles and policy subsystems. Toronto: Oxford University Press, 2003.
HUNTINGTON, S. P. The soldier and the state: the theory and politics of civil-military relations. Cambridge: The Belknap Press, 1962.
JANUZZI, P. M. Monitoramento analítico como ferramenta para aprimoramento da gestão de programas sociais. Revista Brasileira de Monitoramento e Avaliação, [S.l.], v. 1, p.36-65, 2011.
JENKINS, W. Policy analysis: a political and organizational perspective. New York: St. Martin’s Press, 1978.
KINGDON, J. W. Agendas, alternatives, and public policies. 2. ed. rev. Boston: Longman, 1984.
LASSANCE, A. Análise “ex ante” de políticas públicas: fundamentos teórico-conceituais e orientações metodológicas para a sua aplicação. Brasília: IPEA, 2022.
LIMA, R. C.; SILVA, P. F.; RUDZIT, G. No power vacuum: national security neglect and the defence sector in Brazil. Defence Studies, [S.l.], v. 1, p. 1-23, 2020.
MAZZUCATO, M. O Estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. setor privado. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014.
McCANN, F. D. Soldados da pátria. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
MEARSHEIMER, J. J. The tragedy of great power politics. New York: Norton, 2001.
MORAES, R. F. de. Our weapons, our problem: arms exports, democracy and civil society in Brazil and the UK. 2019. Tese (Doutorado em Relações Internacionais) - University of Oxford, Oxford, 2019.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Choosing the nation’s fiscal future. Washington, DC: The National Academies Press, 2010.
NISKANEN, W. A. Bureaucracy and representative government. Chicago: Aldine- Atherton, 1971.
OAKLAND, W. A. Theory of public goods. In: AUERBACH, A. J.; ELDSTEIN, M. (ed.). Handbook of public economics. Amsterdan: Elsevier, 1987. p. 485-535.
OLSON, M. A lógica da ação coletiva. São Paulo: Edusp, 1999.
PAARLBERG, R. Knowledge as power: science, military dominance, and U.S. Security. International Security, [S.l.], v. 29, n. 1, p. 122–151, 2004.
PETERS, B. G. Advanced Introduction to public policy. London: Edward Elgar, 2015.
POGGI, G. The State - its nature, development, and prospects. Stanford: Stanford University Press, 1990.
ROGERSON, W. P. Incentive models of the defense procurement process. In: HARTLEY, K.;
SANDLER, T. (org.). Handbook on Defense Economics. 1. ed. [S.l.]: Elsevier B.V., 1995. p. 309-346.
ROSS, S. A. The economic theory of agency: the principal’s problem. American Economic Review. [S.l.], v. 62, n. 2, p. 134-139, 1973.
RUTTAN, V. Is war necessary for economic growth?: military procurement and technology development. New York: Oxford Academic, 2008.
SABATIER, Paul. A; JENKINS-SMITH, Henry. An advocacy coalition model of policy change and the role of policy orientated learning therein. Policy Sciences. [S.l.], n. 21, p. 129–168, 1988.
SAMUELS, R. “Rich nation, strong army”: national security and the technological transformation of Japan. Ithaca: Cornell University Press, 1994.
SAMUELSON, P. A. The pure theory of public expenditure. The Review of Economics and Statistics. [S.l.], v. 36, n. 4. nov. 1954.
STIGLITZ, G. Economics of the public sector. New York: W.W. Norton, 2000.
SWEDBERG, R; AGEVALL, O. The max weber dictionary: key words and central concepts. Stanford, CA: Stanford University Press, 2016.
TAYLOR, T. Defense as Policy. In: GALBREATH, D. J.; DENI, J. R. Routledge handbook of defence studies. London: Routledge, 2018. p. 5-17.
WEBER, M. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix. 2011.
WEISS, L. America Inc?: Innovation and Enterprise in the National Security State. Cornell: Cornell University Press, 2014.
WILSON, J. K. Bureaucracy: what government agencies do and why they do it. New York: Basic Books, 2019.
WHEELAN, C. Introduction to public policy. New York: W. W. Norton & Company, 2010.
WULF, H. Arms production in the third world. In: SIPRI Yearbook 1985. Stockolm: SIPRI, 1987. p. 329-343.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autorizo a publicação do artigo de minha autoria na Revista da Escola Superior de Guerra (ISSN 0102-1788), disponível no site http://www.esg.br, da Escola Superior de Guerra, em meio eletrônico e impresso e declaro ainda que:
1. o artigo é original, não foi publicado em outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade;
2. estou ciente dos itens presentes na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 (Direitos autorais), e que as informações contidas no trabalho são de minha inteira responsabilidade;
3. estou ciente de que não receberei qualquer tipo de remuneração pela divulgação do referido trabalho.